sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Cordeiro e a segunda chance


Cordeiro de minas tem uma história de abandono. O fato de estar localizado a quase 80 quilômetros da sede do município favoreceu o esquecimento. Na educação não é diferente. A escola municipal não tem sede própria e divide o espaço com a escola estadual que também está precária, necessitando de reforma e ampliação. Estive esta manhã em Cordeiro de Minas acompanhado pela chefe da Seção de infraestrutura e a Superintendente regional com a sua equipe. Não gostei do que vi de perto em relação a infraestrutura física. Não é possível deixar esta situação ficar do jeito que está. Alunos em prédios alugados e escola sem refeitório com a estrutura precária. Estamos estudando várias possibilidade de resolver o problema, existe a alternativa de construir no terreno da Escola Estadual em parceria com a Superintendência ou construir em outros terrenos disponíveis. Vistoriamos as instalações e outros terrenos, conversamos com os líderes comunitários e discutimos a questão com as diretoras das escolas.
No meio da nossa visita fomos convidados a assistir um teatrinho dos alunos da turma de tempo integral, vimos que apesar de toda a carência de investimento o ensino está avançando. Admiro muito o trabalho da Patricia, diretora do estado, e da Rita, diretora da escola municipal, pois com todas as dificuldades estão sempre animadas incrementar a escola. Assistimos três pecinhas elaboradas e construídas pelos próprios alunos, fiquei emocionado. Em uma das peças, cuja a história havia sido criada por quatro alunos do ensino fundamental, falava de um macaco chamado Chico. O macaco estava jogando casca de banana e atrapalhando com isso os meninos a jogar futebol . Então acabaram prendendo o Chico em uma jaula como forma de punir o animal. Depois os meninos se arrependeram do que fizeram, perceberam que o macaco fazia parte da vida deles e soltaram o Chico novamente. A mensagem final foi dita por um dos alunos: "Sempre devemos dar uma segunda chance".
Naquele exato momento, entendi o que estavávamos fazendo ali. Nós, gestores municipais e educadores, estávamos ali para pedir aos alunos uma segunda chance. Alunos que não tem uma escola ou que precisam de uma escola melhor, que também já não acreditam em promessas depois de tantas não cumpridas estavam, sem querer, anunciando a importância da segunda chance. Uma oportunidade de estarmos fazendo o que não foi feito, de lembrar daqueles que jamais poderiam ser esquecidos. Foi uma grande lição que aprendi com aquele singelo teatrinho: uma segunda chance. Mesmo aqueles que foram tantas vezes esquecidos e abandonados me ensinaram que sempre há uma segunda chance porque a esperança alimenta nossa alma e nossos sonhos. Sempre é tempo de construir.