sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Escola Dr. Maninho


Era fevereiro, o sol estava forte, mesmo na sombra fazia calor. Eu e a Carminha estávamos visitando e conhecendo todas as escolas do município. Naquele momento, eu tinha estudado muitos documentos, conhecia os indicadores e números da educação municipal, mas ainda não conhecia a realidade do dia-a-dia das escolas, por isso ver de perto era tão importante. Fomos visitar a Escola Dr. Maninho, situada no bairro Zacarias. Entrei no carro e o suor escorria pelo rosto, o verão estava no auge. Achava o nome Dr. Maninho simpático, mas já sabia que o IDEB da escola era um dos mais baixos da cidade. No caminho fui pensando, porque será que o IDEB daquela escola era baixo? Seria a origem humilde dos alunos e a falta de estrutura social? Seria os professores? O que estava atrapalhando o rendimento dos alunos? Quando o Otávio estacionou o carro e apontou para escola comecei a entender o que estava acontecendo. Um muro todo descascado com rabiscos em todo lado, parecia um lugar abandonado. Entrei na escola e me deparei com o pátio todo esburacado. Avistei a Diretora e fui saudado por professores simpáticos alegres. No pátio corri os olhos pela fachada da escola e fiquei impressionado como tudo era feio e precário. Depois de uma conversa rápida, pedi para visitar as salas de aula como fazia em todas as escolas, passei por um corredor sujo e escuro e cheguei até a porta da sala. Quando abri a porta, saiu de dentro um bafo de calor insuportável, parecia uma sana. Entrei e fui cumprimentar á professora, fiquei com dó das crianças e da professora. Em segundos minha camisa ficou ensopada de suor. Era impossível acontecer um aprendizado saudável naquele ambiente, nem o professor conseguiria dar aula, muito menos um aluno poderia prestar atenção na matéria, um absurdo! A sala era insalubre pelo calor e além disso a parede estava suja, não tinha forro ou piso. Fiquei revoltado com a situação. A escola não poderia continuar funcionando daquele jeito. Ainda não sabia como autorizar uma reforma, mas tinha uma certeza: do jeito que estava não poderia continuar.

Começamos uma peregrinação para envolver a todos na solução do problema, os líderes comunitários, as professoras, pais de alunos, vereador João das Mudas e até o Prefeito. Um dia chamei o João Bosco para visitar a escola comigo, quando ele viu de perto a situação ficou abismado. A primeira batalha havia sido vencida: o governo tomou a decisão de reformar a escola! Agora era operacionalizar. A Silvania foi essencial nesta etapa, pois acompanhou todos os momentos e quando a coisa agarrava estava ela indo no Depto de Obras ou na Compras para resolver. O Serginho esteve lá umas duas vezes comigo, sempre disponível e solícito com as demandas. Foi uma luta que não vou detalhar, só sabe quem viveu. Na última semana, cogitaram o adiamento da inauguração, fiquei angustiado com a situação, mas o João Bosco chamou todos os envolvidos e disse que iria manter a data inicial e que colocasse todos os funcionários para acabar a tempo. O João das Mudas me ajudou muito nesta finalização e até providenciou um bolo para comemoração de 140 kg. A Vanessa ajudou a preparar a festa e quando estive de manhã lá fiquei emocionado. Haviam mais de 30 homens trabalhando na escola e ela estava ficando linda! Lembrei do dia da visita e das imagens de abandono. Tive certeza que iria ficar pronta a tempo. A inauguração estava marcado para as 15hrs, cheguei na hora, a escola estava completamente lotada, as crianças demonstravam pelas brincadeiras e pelo semblante que estavam em festa. Muitos secretários foram (Enoque, Edson, Serginho, Peninha), Diretoras, professoras, pais, funcionários. Aconteceram várias apresentações e tive a oportunidade de homenagear a todos os funcionários que trabalharam na reforma, foi emocionante! Visitei as salas junto com o prefeito e o João das Mudas, me emocionei de novo. A salas estavam lindas, arejadas, com forro e piso. Uma sala de aula de verdade! Como é bom ver que juntos nós podemos mudar para melhor a educação e as nossas escolas! Tive uma sensação de renovar as esperanças em avançar a educação do município, uma tarefa que precisa envolver muita gente como no caso da reforma da Escola Dr Maninho, mas o resultado compensa. Uma aluna que estava lá disse: "pena que semana que vem é feriado, estou doida para estudar na minha escola nova." Esta frase já valeu todo nosso esforço. Vejam como era e como ficou...