domingo, 4 de abril de 2010

Fabinho


Hoje foi sepultado no cemitério São João Batista um grande líder política da nossa cidade: Anselmo Bonifácio, mais conhecido como Fabinho. Todos concordam que ele foi um divisor de águas, como disse Humberto Luiz, a política pode ser dividida antes e depois dele. O seu carisma e sua personalidade única, às vezes folclórica, facilitava a comunicação com o povo. Sua mensagem era entendida pela massa e tinha uma sintonia profunda com a vontade popular. Tornou-se símbolo de um prefeito festeiro, tudo era motivo para foguete e festas. Ousado, mandou construir a maior fogueira de São João do estado. Tinha excelente visão de comunicação e inovou numerando as obras que inaugurava, todos gostavam de acompanhar a evolução. Meu pai participou da sua campanha histórica para prefeito em 82. Muitos duvidavam da sua vitória, mas meu pai sempre acreditava que a eleição do Fabinho simbolizava o ressurgimento da democracia e da vontade popular. Na época eu tinha 9 anos e gostava de acompanhar todos os comícios. Era o nosso programa de família nos fins de semana, minha mãe levava frango com farofa e a gente chegava cedo nos distritos, visitava as lideranças e participava dos comícios. Tinha orgulho de ouvir meu pai falar, mas também gostava de ver o Fabinho e o seu jeito teatral. Mesmo sendo criança, me sentia um participante da campanha, usava camisa, adesivos e pregava os cartazes no meu quarto. Era uma época que a política era feita sobretudo com paixão. Sentíamos irmanados naquele movimento e o Fabinho era o nosso líder, simbolizava o desejo de todos de mudança. O fato de ser alto, ter voz grossa e usar chapéu e adereços, e ainda um figurino único, fazia a imaginação das crianças confundi-lo com uma espécie de super herói. Ele se foi, mas deixou um legado. Nos deixou o exemplo de coragem, ousadia e alegria. Mostro que a mudança era possível e nos deu confiança para acreditar mais em nossa cidade. Encontrei com ele pouco antes de ser internado, me parou e fez questão de elogiar meu pai. Disse que era para eu seguir o exemplo, mas que fosse um pouco mais "ajuizado". Me deu um abraço fraterno e percebi que a admiração do menino de nove anos ainda estava presente, sem as fantasias de crianças (verdade), mas com o entendimento da sua representação para cidade e para a vida da minha família. Meu pai, ficou sabendo que ele, no leito do hospital, ao me ver na televisão havia dito que gostava de mim. Foi mais um motivo para que fossemos visitá-lo. Com meu pai fui ao hospital. Ele estava fraquinho e mal conseguia falar, mas não deixava de ser um herói, humano herói. Obrigado Fabinho!