terça-feira, 16 de março de 2010

Educação: pensar grande


A educação entendida em seu sentido lato, como inerente à condição humana e essencial ao desenvolvimento das comunidades, está carecendo de resgatar o seu verdadeiro significado. Educação é uma profissão ou uma missão? Educação pertence a uma classe ou a todos? Qual educação que queremos para nossa cidade? O que precisa para mudar em relação ao que está posto? O que é qualidade na educação? O que influencia na motivação dos educadores? Como conseguir educadores mais qualificados? O que fazer para que os alunos gostem da escola? São questões importantes como estas que merecem ser discutidas com a profundidade. A educação é o que pode transformar a nossa realidade e fazer o desenvolvimento acontecer. Celso Furtado, um dos maiores pensadores brasileiros do último século, acreditava que um país não precisa passar pelo estágio de subdesenvolvimento para adquirir o status de país desenvolvido. O desenvolvimento somente seria possível com uma cultura que valorizasse a criatividade libertadora de um povo, ou seja, enquanto ficamos somente imitando outros países, importamos a lógica da inferioridade, mesmo que disfarçada. Quando assumimos a nossa identidade, nosso jeito de ser e, ainda, utilizamos a nossa inteligência e energia para resolver os nossos problemas com soluções próprias e criativas, ultrapassamos a fronteira da mesmice para anunciar caminhos que somente nós podemos construir. Todos os questionamentos precisam da reflexão dos educadores, sem querer importar soluções de fora. É muito comum que pensamentos "batidos"nos tornem automatizados e robotizados na hora de pensar a educação. Um dos maiores vícios em nosso meio, justamente pela carência histórica, é de enxergar somente o que está faltando. Falta estrutura, falta salário, falta alunos melhores, falta apoio da família, falta isso, falta aquilo... Falta mesmo (sem dúvida), mas esta não deve ser a única maneira de enxergar o que nos rodeia porque se ficamos somente olhando as lacunas e ou buracos não temos tempo de enxergar os milagres da educação. (igual aquleas pessoas que passam a vida se queixando e se esquecem de viver). Podemos gastar a nossa energia buscando soluções criativas para problemas antigos. As soluções estão ao nosso alcance e não estão somente na mão de especialistas e figurões que vivem em outra realidade. Quem pode desenvolver e melhor metodologia do aluno da zona rural do que uma professora da zona rural dedicada a criar novos modelos didáticos? Quem poderia descobrir o caminho para dar um salto na alfabetização do que as nossas alfabetizadoras? Quem pode encontrar o melhor modelo pedagógico das creches do que as nossas professoras da educação infantil? Agora, as soluções requerem energia e dedicação, compromisso com a tarefa que se coloca. Não me diga que isto não é feito porque o dinheiro não compensa, afinal qual seria o preço que pagamos por esta tentativa? Será que esta barreira que nos impede de criar não foi construída de forma imaginária por interesses que preferem deixar tudo como está para que não haja mudança nenhuma? A utopia faz parte daqueles que desejam da vida mais do que a monotonia diária. O alimento da alma é o ideal, o sentido da vida, o que nos torna humano, por isso vale a pena refletir: quais soluções podemos construir como educadores?